Chapter three: O Píer
Lucius continua a seguindo tentando se aproximar mais de Lyana a cada salto, porem ela é rápida e ele procura não se cansar, então mantém a agradável distancia de em media dois prédios. Aos poucos pode-se avistar alguns containeres empilhados, e mais a frente o imponente oceano. Lyana escala os containeres escolhendo um topo com uma vista privilegiada para o mar, e acena para Lucius.
- Venha logo! É lindo aqui em cima!
- Acredite eu sei...costumo vir aqui há algum tempo...para ficar só...
Lucius exita um pouco antes de subir os containeres fazendo uma cara de preocupado , porem logo relaxa e escala rapidamente se colocando ao lado de Lyana que sentada na beirada de um contêiner admira o amanhecer no horizonte do imenso oceano que se encontra em nossa frente...
- Engraçado conheces bem este lugar... porém nunca nos vimos aqui antes.
- Eu já o vi uma vez aqui, mais costumo sentar-me o mais alto possível... Só nunca imaginei que fosse ‘parecido comigo’...
- Também não imaginava encontrar uma garota parecida comigo, inclusive com gostos em comum.
Lucius coloca seu braço ao redor do pescoço de Lyana abraçando-a e se sentando ao seu lado esquerdo.
- Essa vista é realmente linda, porem melhor apreciada a dois, não acha ?
Lyana em meio a um sorriso move negativamente a cabeça.
- Não aprecio muito coisas românticas... Mas confesso que está bem agradável.
- Entendo...penso assim, que tal uma garrafa de vinho para animar ?
- Onde?! Ou será que não vai me dizer ?
- Irei buscar em um bar antigo que tem em uma das ruas da redondeza. E então o que me diz ?
Lyana em um discreto gesto concorda que Lucius busque o vinho e ele corre em direção a cidade pegando a primeira rua a direita e depois segue ate entrar a esquerda na próxima esquina entrando em uma longa avenida podendo se avistar distante algumas luzes acesas bem fracas e consideravelmente longe, rapidamente ele esta no local, é um bar pequeno e antigo que funciona sempre 24 hrs. Lucius entra e parece que já é conhecido naquele ambiente, mas pelo seu jeito calado e misterioso não tem muitos amigos, logo só é atentamente observado, chega ao balcão e pede que lhe sirvam uma garrafa do mais velho e saboroso vinho que tivessem, sacando do bolso interior de seu sobretudo uma pequena bolsa de couro, virando-a no balcão.
- Acho que isso paga, não ?
O balconista o olha assustado e recolhe rapidamente as 10 moedas de prata que caíram da bolsa.
- Sim, Sim senhor trarei o que me pediu, só um minuto.
Lucius concorda com um leve movimento com a cabeça, seus olhos estão levemente avermelhados, pois estava concentrado para correr o mais rápido que conseguisse, afinal, não queria deixar Lyana esperando por muito tempo, ou por tempo algum. O dono do bar volta com uma garrafa, escorre um pouco de água do lado de fora da garrafa, Lucius olha estranhamente para a garrafa e volta a fitar o dono do bar.
- Não se preocupe senhor, apenas lavei a garrafa esse vinho é muito antigo, não costumo ter clientes que podem pagar por ele, a garrafa esta lacrada, divirta-se senhor.
- Sim, mas... Teria também duas taças ? As melhores que tiver, eu vou levar, pelo que disse imagino que queira que eu volte aqui não ? Então que tal me conseguir duas taças de cristal como cortesia por hoje ?
Lucius olha com um olhar atento ao dono do bar que mesmo sem ação, vira-se e subindo as escadas para sua casa que é em cima de seu bar.
- Espere só um minuto senhor, já lhe trago as taças. Ele volta com duas taças, muito limpas e parecem ser também de boa qualidade. Lucius olha para as taças e com um sinal de aprovação as pega e também pega a garrafa de vinho, coloca a garrafa de vinho presa em seu cinto, e uma taça em cada mão.
- Gostei desse lugar, acredite voltarei. Obrigado meu caro.
Assim que se despede educadamente do dono do bar ele se dirige normalmente ate a rua, onde ao perceber que ninguém o observa dispara em alta velocidade em direção ao píer. Avista Lyana e para de correr pega ambas as taças em uma única mão e a garrafa na outra se ajoelha ainda um pouco distante de Lyana coloca as taças ao chão e pegando uma pequena faca arranca a rolha da garrafa com um pouco de pressa, se aproxima calmamente de Lyana e se ajoelhando atrás dela passa a boca da garrafa em frente e bem próximo a seu nariz.
- O que acha minha cara ? Esta a sua altura ?
Lyana aprecia o delicioso perfume que a garrafa traz, por algum motivo o vinho a traz a uma lembrança de sua família. Depois de um curto silencio de olhos fechados ela diz:
- Frances, Baron Darignac rouge... traz boas lembranças... Acertei não?
- Creio que sim, na verdade não o escolhi, apenas peguei o mais velho que se encontrava disponível. Lucius pega as taças entregando uma a Lyana, e enchendo a ate a metade.
- Espero que sejam lembranças boas...
- Essas até que são, mas nem todas...
- Desculpe mais não entendi a parte do “Essas até que são”... Por acaso ele lhe traz algumas outras que não são tão agradáveis ?
- O vinho lembra meu pai... mais as lembranças de minha família normalmente me trazem dor...
- Entendo e para ser sincero não trago muitas lembranças, como você já sabe, perdi minha memória, então...
- Sei?! Você nunca me disse isso? Achei que você preservasse o seu passado.
- Não lhe disse ?!? então me desculpe, mas... é uma longa historia, acho que vai ter que ficar para a próxima, o vinho esta acabando e o dia esta nascendo apressadamente...